Não saber o que dizer para alguém que sofreu uma perda é uma coisa comum. Como na sociedade brasileira, e a ocidental em geral costumamos ignorar a morte e as situações de perda, não nos sentimos preparados para ajudar alguém que está de luto. Na verdade, o mais importante é manifestar seu carinho e acolhimento de forma verdadeira. Palavras como: “sinto muito“, “estou aqui com você“, e “conte comigo“, são apropriadas. Sua presença, mais do que qualquer coisa, é o importante. Tudo o que uma pessoa precisa, nesses momentos difíceis, é solidariedade genuína, algo que também pode ser chamado de empatia.
O que não dizer a alguém em luto
Usar expressões que subestimem o ocorrido, como “isso passa“, “foi melhor assim“, “o tempo cura“, etc.
Fazer comparações com outras tragédias, achando que isso servirá de consolo.
Recriminar a pessoa enlutada por ainda não ter superado a perda.
Relativizar a perda, como se houvesse uma hierarquia do luto. “Perder um filho é pior do que perder os pais“.
Não sei o que fazer para ajudar
Abra espaço para que o enlutado possa falar e esteja disponível para ouvir, com paciência, acolhimento e sem julgamentos. Caso ele não queira falar, não force. Apenas esteja presente, sem pressionar. Lembre-se que o tempo do luto pode ser longo e que não há maneiras normais ou anormais para sentí-lo. Além disso, é possível ajudar se oferecendo para cuidar de questões práticas como ir ao banco, cuidar da casa ou ajudar com as crianças. Tente telefonar ou estar presente nas datas comemorativas que geralmente trazem tristeza: Natal, aniversários, Dia das Mães, Dia dos Pais, etc. Demonstre carinho com pequenos mimos: um bolo, uma planta, um livro.
O que não fazer:
Evitar as pessoas enlutadas
Deixar de ir ao funeral porque não gosta “dessas coisas”
Pressionar a pessoa a falar, sair, ou a fazer atividades para as quais que não se sente preparada
O que fazer quando há um colega de trabalho enlutado Se um colega ou um funcionário perdeu um ente querido, não importa o quanto você é íntimo ou não, converse com ele assim que possível e manifeste sua solidariedade, dizendo que sente muito, e perguntando se ele precisa de ajuda com o trabalho. Assim, ele se sentirá acolhido e amparado.
Os meses que se seguem à perda de alguém próximo são marcados por profundas alterações de comportamento, inclusive no trabalho. É possível que o colega sinta dificuldade de concentração, tristeza, desânimo, problemas para dormir, alterações de humor, alterações alimentares, etc. Os gestores devem deixar claro que entendem e respeitam o momento difícil em que o funcionário pode não estar tão produtivo. E os colegas devem ajudá-lo no que for possível.
O que chefes podem fazer por alguém em luto
Os gestores devem estudar sobre o luto para entendê-lo e saber o que esperar em termos de mudança de comportamento.
O chefe deve respeitar a privacidade do funcionário e perguntar se ele deseja divulgar o funeral para os colegas. Caso ele concorde, a presença de conhecidos pode ser importante para que ele se sinta apoiado.
Oferecer ajuda nas questões práticas do trabalho.
No retorno ao trabalho, respeite os sentimentos do colega e não faça comentários positivos para tentar animá-lo, tipo: “bola pra frente“, “logo isso passa“, etc.
Não tente forçar conversas sobre o que aconteceu. A pessoa enlutada dará sinais se deseja falar e com quem, sobre o assunto.
Caso o gestor considere que o funcionário está tendo muita dificuldade de lidar com o luto, pode conversar com o RH e sugerir um tratamento psicológico ou psiquiátrico. Isso não quer dizer que ele deverá ser afastado do trabalho.
Como ajudar alguém nos primeiros dias do luto Quando perdemos alguém que amamos, parece que o chão se abre e que vamos ser engolidos pela dor. Ao mesmo tempo, sabemos que temos que ser fortes e enfrentar a situação, lidar com os ritos do sepultamento e do adeus. Nestas circunstâncias, é natural ter reações como crises de choro, apatia, alterações de sono, de apetite e de humor. Ou sentir-se distante de tudo, como se aquela situação não fosse real. Parece que tudo perdeu o sentido e que as tarefas corriqueiras são difíceis, ou inúteis demais, para serem realizadas.
Por isso, quem quiser ajudar alguém que está vivenciando um luto recente, pode se oferecer a ajudar nos afazeres do dia a dia, até que o enlutado esteja em condições de retomar, aos poucos, a rotina. Esse é um momento de grande vulnerabilidade e sofrimento, pois é quando se percebe que teremos que voltar à vida cotidiana sem o ente querido. Tudo está como sempre esteve, e no entanto tudo mudou completamente.
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